DiversãoEducação

Uma coisa é uma coisa e essa coisa é outra coisa

A criança que tem liberdade brinca com o que sonha e fantasia. O objeto é o que menos importa a ela, pois este pode ter a forma e a função que o seu desejo e criatividade lhe satisfaz.

Criatividade é uma palavra que se ouve constantemente no trabalho com crianças em qualquer ambiente que ela esteja. Nas escolas sempre há quem diz da necessidade do estimula-la, mas nem sempre se oferece as condições para que ela flua.

Criar é um conceito abrangente e pode ser pensado desde seu significado bíblico até aos “deuses” comentando sobre seus artigos publicitários.  Mas me atenho somente ao sentido que se tem de dar origem. Não penso que seja algo do nada, ao contrário, penso que é dependente de experiências passadas.

Quando uma criança brinca, seu objeto muda de função, ou seja, aquilo é uma coisa, mas ao mesmo tempo ele é outra coisa. A pedagogia chamaria tal objeto de brinquedo não estruturado. Não gosto disso também, pois remete a um sentido de que aquilo não tem estrutura, mas de fato ele só é um brinquedo porque sua função se origina na cabeça e vivência da própria criança, naquele momento de contato.

Sinto que é um problema quando se quer explicar, ou melhor, pedagogizar tudo. Isso é desnecessário. O que importa de fato é que se dê um objeto e a liberdade, o resto é observar e entrar na fantasia junto com a criança.

Uma caixa, que pode até ser de um brinquedo, chama muito a atenção das crianças. É comum que elas queiram entrar na caixa, sendo esta qualquer coisa: carro, trem, caminhão, casa… Mas estar dentro dela é um reencontro com o aconchego, com o quentinho. É “criar” um ambiente da memória que já não está mais na consciência. É fazer da caixa um útero. Onde encontrar um lugar mais seguro do que este? Nele, se entorta, se torce, mas se sente no amparo e no calor de sua própria pele.

Marcio Macarini

 

TALVEZ VOCÊ TAMBÉM GOSTE DE

NÃO HÁ COMENTÁRIOS

DEIXE UM COMENTÁRIO