Marisa Mathey
Marisa Mathey, Mãe, Mediadora de Conflitos, Advogada Colaborativa, Instrutora voluntária das Oficinas de Pais e Filhos certificada pelo CNJ, Voluntária da Ong Amigos do Bem e Pianista. marisamathey@uol.com.br
Sim, o conflito é normal nos relacionamentos humanos e ele é o motor das mudanças, segundo Lederach.
Então, por que os conflitos têm trazido tantas catástrofes ao redor do mundo, nas relações, sociais, familiares e religiosas, entre outras?
Creio que a falta do controle, gestão e a resolução destes conflitos por meios que não sejam a violência destruidora e mortal, seja a razão do estado atual de violência entre os homens.
Esta assertiva me leva a raciocinar que existe um outro caminho que não a violência. Para Muller, a violência é a matéria-prima da atualidade e está presente de tal forma no coração da história que parece ser uma necessidade “natural” do homem, então seria inútil ir contra ela. Entretanto, não é a violência que está na natureza humana e sim a agressividade, da qual a violência é uma expressão.
Então, estou propondo ao leitor que deva ser pacífico em relação às contrariedades que vive e causam mágoas, tristezas e decepções em sua vida?
Em absoluto, sabemos que sentimentos como o medo, a cólera, a raiva, a culpa, o rancor, o melindre, o egoísmo, os ressentimentos, entre outros, simplesmente existem e são desencadeados no homem.
A raiva, muito comum, inclusive nas crianças, não é boa, nem ruim, aquilo que fazemos com ela é que pode ser um motor propulsor para transformarmos situações de forma positiva, ou, se mal canalizada, ações que complicam mais ainda nossas vidas. É importante explicar isto para seu filho e dar exemplos.
Muller, ilustre filósofo dá uma receita dizendo que “Cabe ao homem governar as suas paixões”
“Não quer dizer que devamos ser pacíficos e nos submeter às injustiças, ao contrário, devemos ter agressividade suficiente para “ir de encontro” (ad-gradi), enfrentar e reivindicar nossos direitos, jamais pelos meios da violência destruidora, que possibilitem outras violências e injustiças, mas por meios pacíficos que possam construir uma sociedade mais justa e pacífica. ”
Confesso que, apesar de ser advogada e especialista em Processo Civil, deixava para lá o enfrentamento de muitas situações, inclusive na minha vida particular, porque aprendi que a depender do que vamos falar ou fazer em relação a estes direitos que entendemos terem sido violados, arrumaremos briga, confusão e mal-estar entre familiares ou conhecidos e não compensa, então parecia que “engolir sapo” seria o caminho apropriado para uma pessoa de bem.
Com a leitura das ideias do filósofo citado, me libertei deste paradigma. Conscientizei-me de que a Paz não é passiva e sim ativa e me empoderei quando aprendi uma nova forma de abordar as pessoas, chamada “COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA”, CNV, pela obra de Marshal Rosenberg, psicólogo que a desenvolveu quando percebeu que poderia utilizar seus conhecimentos na área da psicologia para oferecer ferramentas que melhorassem os relacionamentos humanos e não somente para rotular patologias.
É interessante observarmos a nossa crença em relação a violência. Me corrijam se eu estiver errada, mas a grande maioria pensa que violento é aquele que mata, rouba, agride fisicamente as pessoas, ledo engano!
A nossa comunicação é extremamente violenta, inclusive no ambiente doméstico quando pais dizem para seu filho: “você não sabe fazer nada mesmo”; “não vai ser ninguém na vida”; “você é um preguiçoso”; “é por isso que não vai para frente”; “criança não se mete”, dente muitos outros.
Ou ainda, em pequenos atos, gestos, palavras, olhares onde acusamos, julgamos, condenamos, invalidamos o sentimento do outro…”você nunca acerta”; “aposto que foi você quem quebrou este copo”; “isto não é nada”; “você não entende nada mesmo”; “nunca consegue fazer algo bom!”
Estas afirmações fazem o outro sentir-se atacado e querer contra-atacar.
Sugiro um bom exercício para o leitor certificar-se se o que escrevi tem nexo:
Coloque-se no lugar do outro, mas com a alma dele……esta simples prática pode ajudá-lo muito.!
Marisa Mathey
Seu endereço de email não será publicado.