SÍNDROME DA GAIOLA
Após quase um ano e meio de ensino remoto, estamos nos deparando com o crescimento de uma situação já conhecida por nós há muito tempo, mas que tem se tornado mais presente.
O desconforto e o medo são sentimentos normais em meio à pandemia, porém temos observado adolescentes desenvolverem a chamada ‘Síndrome da Gaiola’, quando a resistência em sair de casa ou deixar o outro sair passa a ser um sofrimento.
A “Síndrome da Gaiola” não é nova, embora neste caso esse sentimento esteja profundamente ligado a um fenômeno novo, ligado ao isolamento social. Nela, observamos a gaiola com suas portas abertas, mas sem que aqueles que a habitam queiram sair.
Em especial, nesse momento, há uma perigo real, pois a pandemia traz o medo de adoecer ou de contaminar aqueles a quem amamos e correr o risco de perdê-los. A ansiedade e o medo tornam-se tão intensos, que o adolescente passa a não mais se indignar com as mudanças que a pandemia traz a sua vida; ele se paralisa e passa a evitar qualquer possibilidade de socializar e retornar às suas atividades habituais.
Essa situação de medo pode ser exacerbada pela qualidade das informações transmitidas a esses adolescentes, num momento em que recebemos uma quantidade enorme delas e muitas vezes inconsistentes.
Sentir medo, ansiedade e insegurança pela pandemia em si e mudanças que ela trouxe a nossa vida é uma reação natural! Porém, quando esses sentimentos passam a prejudicar a rotina, a qualidade de vida e a paralisar alguém, devemos estar alerta pois algo mais sério pode estar presente.
Valorizarmos as falas dos nossos filhos e buscarmos uma conexão segura com eles irá nos ajudar muito a distinguir quando essas reações deixam de ser naturais e precisam do auxílio de um profissional.
Por Dra. Josie Pimentel
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