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As escolas devem abrir?

As escolas devem abrir?

Muitos argumentos tem percorrido as mídias, os noticiários e as redes sociais indicando a necessidade da volta e da reabertura das escolas. Na contrapartida, vê-se as informações para a não abertura dessas instituições. Médicos, psicólogos, educadores se opõem em suas próprias áreas de atuação.

Na mesma medida que sou professor, sou também aluno. Minhas aulas na escola tornaram-se online. O curso que faço de formação em Neuropsicologia teve início presencial, passou a ser à distância. Dessa forma, conheço bem os dois lados.

Outro aspecto de fundamental importância remete às escolas da rede pública e às da rede particular. A diferença socioeconômica evidencia a discrepância e o contrassenso do isolamento da grande massa de estudantes das escolas públicas, desprovidas das possibilidades de comunicações por vias da internet e, portanto, dos estudos à distância.

Ao ouvir sobre a diferença entre o distanciamento físico e o distanciamento social, percebi que as boas escolas têm conseguido, mesmo na necessidade de implantar o primeiro aspecto, superar o segundo. Ou seja, as escolas que têm trabalhado a aprendizagem pedagógica, associada à significação da vida neste novo momento de recolhimento, trouxeram a desejada aproximação social, mesmo que com o distanciamento físico entre colegas, amigos e professores. Estas escolas fizeram do ambiente virtual uma rotina de estudos e convivências, de sorrisos e trabalho sobre as inseguranças. Enfim, elas conseguiram trazer movimentos e alegria, colocando-se na linha de frente de restauro e manutenção da socialização de toda a sua comunidade.

Contudo, devo me posicionar sobre o retorno ou não das aulas. Não é um posicionamento fácil! A rede particular de ensino tem se organizado quanto aos protocolos sanitários e os cuidados com os grupos de risco para sua volta ao presencial. Mas, como acreditar que a rede pública fará o mesmo, já que as promessas básicas, como o acesso amplo à internet, tão enfatizadas nas campanhas eleitorais pelas mídias, não chegam aos necessitados? Isto é dever do Estado! Ainda, somado a tudo ao que já foi dito aqui, há o posicionamento e a garantia de segurança de cada professor da rede privada e da rede pública. Esta é condição primeira para o bom desenvolvimento do trabalho. Já, para as escolas, fica o desafio de montar o quebra-cabeça da grade de horários com peças que não se encaixam devido às aulas presenciais e às online.

É um dilema! Qualquer posição tomada haverá desagrados e aplausos. Porém, o que importa é a saúde, sem que se deixe de lado que o primeiro passo para a aquisição da saúde é a Educação. Portanto, sou favorável à abertura das escolas. Mas, para os alunos que não tenham ou ofereçam riscos; para os que estejam de acordo com suas famílias; para os que se sintam seguros; e, por fim, para os que têm a necessidade do retorno presencial. Muitos precisam do convívio e da possibilidade dos recursos de aprendizagem e da educação in loco.

Alguns podem até dizer que a minha posição seja ambígua, ou que nem haja definição da minha parte. De fato, as crianças e jovens que conseguem um bom relacionamento social, ou seja, estão próximos de seus colegas e em boas e seguras condições de aprendizagem pedagógica, assim como de reflexão sobre a vida e sociedade, devem ficar em suas casas. Já os que não encontram tais recursos devem, rapidamente, retornar ao ambiente garantido e seguro para o favorecimento do processo educacional e social em suas vidas. Esta medida garante os benefícios não só para os que retornam às escolas, sejam elas pública ou privada. Mas, de fato, o ganho é garantido a toda a sociedade brasileira que necessita tanto dos ganhos em Educação.

Márcio Macarini

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