Marisa Mathey
Marisa Mathey, Mãe, Mediadora de Conflitos, Advogada Colaborativa, Instrutora voluntária das Oficinas de Pais e Filhos certificada pelo CNJ, Voluntária da Ong Amigos do Bem e Pianista. marisamathey@uol.com.br
“VAMOS BATER UM PAPO”?
Quais são as melhores lembranças das conversas que teve?
Aposto que foram aquelas em que você pôde expressar seus sentimentos, verbalizar suas necessidades e, até conseguiu fazer pedidos – comunicou-se de verdade!
Nestas conversas, você certamente se sentiu ouvido e ouviu o outro – ou seja, a escuta foi “empática”, ambos escutaram-se com o coração, diferentemente de quando sequer deixamos o outro se expressar e já o atacamos, e de pronto, o outro nos ataca, estabelecendo-se um ciclo vicioso – a espiral do conflito.
Ao contextualizarmos o relacionamento de dois adultos – Pais, devemos considerar que cada qual teve diferente formação – familiar, cultural, religiosa; profissional, tendo arraigado em suas mentes distintas crenças e princípios. Assim, o que é bom para um, corre grande risco de não ser para o outro e vice-versa.
Assim, quando imaginamos um casal, casado há muitos anos ou mesmo, outro que, na mesma noite em que se conheceu, se relacionou intimamente e de ambos os casais, houve a concepção de um filho, temos ao nascerem os filhos, o nascimento de Pais e, ainda que estes Pais se separem conjugalmente, no caso do primeiro exemplo ou nunca mais se relacionem intimamente, como no segundo exemplo – a família continuará para sempre! Pai, Mãe e Filhos!
Os Pais podem ter grandes ou pequenas diferenças, físicas, sociais, financeiras, morais, religiosas, éticas, mas para os filhos, formados pela genética de 50% do Pai e 50% da Mãe – os dois são igualmente seus Pais e o serão para a eternidade, independentemente destas diferenças.
Por isto, precisamos com urgência aprendermos a “bater papo”, aquele papo gostoso; respeitoso, onde escuto e, depois eu falo; aquele papo onde eu não elevo a voz, não desqualifico e não debocho do outro…
…talvez trazer para o presente, as vibrações do papo que tivemos quando decidimos nos relacionar intimamente com o outro, do clima que rolou naquele momento, no início do relacionamento, que fez você enxergar na Mãe ou no Pai do seu filho (a), as melhores qualidades dele (a).
As pessoas, no caso os Pais, podem se relacionar muito bem por anos e quando o(a) filho(a) nasce, tudo muda. Por que? Surgem novos desafios, aumenta o trabalho, as responsabilidades e preocupações; diminui o descanso; o casal deixa de ter lazer ou intimidade para cultivar sua relação como outrora; são absorvidos na rotina da casa, dos filhos; não conversam como antes, discordam entre si; passam a se maltratar – enfim, diminuíram os recursos (dinheiro, tempo, facilidades) aumentou o stress!
O que fazer? Lanço um DESAFIO:
BATA UM PAPO COM A MÃE OU O PAI DE SEU FILHO (A)!
Mesmo que você tenha ficado magoado com várias situações em que alimentou expectativas, de acordo com suas crenças e aquilo que você imaginava, não aconteceu, trazendo-lhe forte sentimento de frustração.
Será que o mesmo não ocorreu com ele (a)?
Agora, o(s) filhos(as) deste relacionamento não podem ser cortados ao meio e cada um de vocês ficar com metade. Peguem na mão a fotografia de seu (sua) filho (a) e faça uma linha de divisão na metade.
Você teria coragem de cortá-la ao meio?
Imaginem o seu (sua) filho (a)! A genética, suas células, estrutura física, memórias, história…tudo composto pela carga genética e espiritual recebida pelo Pai e pela Mãe, de maneira indivisível!
Assim, quando a Mãe está com seu filho (a) e desqualifica seu Pai, está desqualificando 50% do próprio filho e quando o Pai fala mal da Mãe para o filho (a) está desqualificando os outros 50% do(a) filho (a).
Conclusão: O Pai tenta cortar 50% do filho (a) e a Mãe os outros 50%, o filho (a) sente-se anulado (a), confuso (a), abandonado (a), frágil, rejeitado (a), culpado (a), decepcionado (a). Criticar resolverá o problema?
Se o seu relacionamento com o Pai ou Mãe de seu (sua) filho (a) vai mal e você pretende ajustar, converse com ele (a); caso não consiga, procure um terceiro imparcial para facilitar o diálogo entre vocês.
Em caso de ter se decidido pela separação conjugal, lembre-se de que a Família continuará, portanto aprenda a auto dominar-se, deixe seu filho (sua) fora do conflito com a (o) sua (eu) ex.
Faça sua separação conjugal de maneira respeitosa e ética, toda a sua família ganhará com este gesto de delicadeza, principalmente seu filho (a) que tem o direito de se desenvolver de maneira saudável e feliz!
Procure Advogados colaborativos e opte pela Mediação, é o tratamento adequado para a maioria dos casos de família.
Para saber como excluir ou levar filho (a) ao conflito, leia nosso próximo artigo.
Faça diferente para ter resultados diferentes
Obs.: Enquanto a autora gravava este artigo, um jovem de 19 anos, J.C., filho de pais separados, que a tudo escutou, desejou se manifestar, pois sofreu com a falta da empatia entre seus pais e quis dividir sua história.
J.C. disse:” é assim mesmo que a gente se sente.”
J.C. aceitou gravar seu depoimento, tirar fotografia com a Autora e autorizou nosso blog a publicá-los, com a finalidade de ajudar os pais a refletirem para que seus filhos não sofram como J.C. sofreu e ainda sofre com as cicatrizes que permaneceram.
Marisa Mathey – 25/07/2019
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