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CRIANÇAS NÃO NAMORAM!

Crianças namoram?
É incrível como nesses quase 15 anos atendendo crianças, cada vez mais cedo elas vem com essa historia de que estão namorando!! Meninas com 10, 9 e até 7 anos me aparecem com essa conversa. E quanto mais cedo, mais a nossa tendência de levar na brincadeira, como se fosse uma bobagem. Mas não é!
A minha primeira pergunta quando ouço algo desse tipo é: você já contou isso para seus pais? E depois: O que seus pais falaram? Porque eu não posso atravessar a dinâmica familiar com alguma orientação totalmente diferente. É preciso entender como cada família lida com cada situação. E poder ajudar sem desrespeitar o que já está construído. Mas não é por acaso que as crianças menores quase sempre já contaram e as mais velhas, às vezes não. Porque estas já tem uma noção de que não é uma brincadeira e já tem alguma restrição à reação dos pais.
Agora, minha pergunta para vocês já está feita lá em cima… Crianças namoram?? Vamos lembrar o que está envolvido no contexto namorar: segundo Dicionário Aurélio: “Procurar inspirar amor a; requestar, cortejar; fazer a corte a; arrastar a asa para. Cobiçar, desejar vivamente possuir.” Isso é coisa de criança?!
Eu entendo que namorar é ter uma preferencia de relação, digamos assim, você tende a procurar, conversar, passear sempre com a mesma pessoa; e logo, espera que ela faça o mesmo com você. É quase um contrato, um combinado. Namoro faz a criatura deixar de fazer outras coisas para estar com o(a) namorado(a). Namoro inclui abraços, dar as mãos e beijos. Sim, beijos. E na boca! Ou algum de vocês namorou sem beijo na boca?! E isso… lá é coisa de criança?!
E não me venham com essa historia de “namoro de criança” ou “namorico de criança”… que seja! Isso não exisnte. Se namoro é aquilo que entendemos acima e aquilo não está acontecendo na vida das nossas crianças, então, NÃO! Crianças não namoram. E elas precisam entender isso. E de novo, esse é o nosso papel. Somos nós, pais que sabemos exatamente o que é namorar e devemos explicar para os nossos filhos. Bem vinda Educação!
Não é tão difícil quanto parece sentar com uma menina de 8 anos e perguntar como é esse namorar a que ela se refere (ela provavelmente, vai dizer que senta do lado na hora do lanche e dão as mãos na fila). E explicar que isso é amizade, e que a menina pode ser amiga do menino e vice versa, e que as vezes a amizade pode ser mesmo muito forte a ponto de querer ficar mais perto de um amigo do que de outro. E dizer que namorar envolve outras coisas que ela ainda não tem idade para viver, porque agora ela tem mais é que brincar, se divertir, aproveitar todos os passeios e amigos e amigas. Que tem muita coisa legal acontecendo quando a gente é criança. Que depois que cresce e começa a namorar deixamos de fazer muitas delas.
Isso tudo não é para que nossas crianças achem que namorar é errado ou ruim. Mas para que compreendam de fato o que estão vivendo, para que saibam que cada coisa tem sua hora e que ainda é cedo. Para que não tenham a pressa de “atropelar” a infância e possam vivê-la plenamente. Para que não cedam à mídia e a comercialização da sensualidade e sexualidade. Para que não se envolvam com pessoas somente pelas aparências ou para se sentirem mais amadas.
Quando nossas crianças dizem que estão namorando, sem saber o que estão falando, estão querendo dizer “olhem, eu sou mais bonita, mais legal, alguém me escolheu”. Elas só querem se sentir aceitas e amadas, isso faz parte do processo de desenvolvimento da autoestima, e pode se dar nas relações parentais e familiares de modo geral, e nas relações de amigos – em todas com muito afeto. Não precisa da autoafirmação por meio de uma relação afetiva que ela está chamando de namoro. Elas querem se sentir importantes, então vamos dar importância à elas!
Vamos estimular em nossos filhos a criatividade, o brincar prazeroso, a diversão saudável e segura. Vamos estimulá-los a serem gentis, generosos, transformadores. A terem sim muitos amigos, amizades verdadeiras, poucas mais intimas e bem profundas. A estabelecerem relações de afeto genuíno, de troca, de respeito, de compaixão.
O cuidado que devemos tomar é deixar cada fase com sua peculiaridade, não acelerar o desenvolvimento infantil. E ainda, não cair nas armadilhas desse mundo de aparência, de padrão de beleza, de sensualidade precoce, de relações superficiais, virtuais, vazias, de sexualidade banalizada.
Crianças NÃO namoram!!

Por Janaina Nakahara

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