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Nascimentos

Nascimentos

A Natureza é fantástica: ela é capaz de expor seres vivos a desafios que trabalhem os aspectos inatos e de observação, transformando fatos e pensamentos em experiências que estimulam o processo de aprendizado. Isso é uma constante em nossas vidas, muitas vezes sem controlar tempo e espaço, sem que queiramos, sem que controlemos.

Em um dos projetos que desenvolvi tentei aproximar os pequenos desta realidade. De maneira resumida, as crianças acompanharam o período de incubação de ovos de diferentes espécies de aves, seu nascimento e a infância dos recém-nascidos. Foram momentos de expectativa, ansiedade, descobertas, hipóteses, felicidade e algumas frustrações (nem todos os ovos eclodiram).

Colocamos na chocadeira ovos de galinha caipira, galinha d´angola, faisões e patos. Logo elas repararam nos tamanhos, cores e texturas que os ovos de cada espécie tinham: a primeira descoberta! Então veio o momento da paciência: os primeiros pintinhos começaram a nascer no 21° dia de incubação. Todos os dias eles iam cedinho, antes de a aula começar, ver se os ovos estavam “bem” e faziam a contagem regressiva para o grande dia.

Junto a este texto está o vídeo do momento do nascimento de um faisão dourado (Chrysolophus pictus). Eles puderam observar, sem conceitos enraizados, como é o conhecimento inato, ou instinto que o faz saber, sem experiências prévias, o que deve ser feito para nascer. A primeira trinca no ovo, que quebra a barreira da casca e permite a entrada de ar no interior e nos pulmões do feto, o descasque de dentro para fora para possibilitar o movimento de impulsão para conseguir sair do ovo e (finalmente), nascer. Algumas crianças me perguntavam como ele sabia que tinha que fazer aquilo… foi difícil conseguir demonstrar que ele simplesmente sabia!

O mais interessante foi o levantamento de hipóteses a respeito do faisão que estava nascendo! Ouçam no vídeo as colocações das crianças, é algo muito rico!

Depois de tantas perguntas, espera e ideias, finalmente nasceu o faisãozinho, começando ali uma nova vida. Mas também incitou, ou foi reforçado, nas crianças, um espírito científico, de questionamento, da busca em conhecer e se deliciar com as descobertas, além de sentimentos de compaixão, admiração, cuidado, carinho etc.

Este foi apenas um projeto escolar, mas é possível despertar este espírito científico que aguça nos seres humanos a vontade de aprender e conhecer de várias outras formas e em todos os lugares. Podemos observar as nuances da vida num jardim, numa praça, num terrário, mas, para isso, nós precisamos estar abertos a isso, sem pré-julgamentos e conceitos, tentando extrair o máximo possível daquela experiência. E que ótima companhia são nossos filhos para isso, principalmente pela maneira franca como ainda veem as cores do nosso mundo! Nascimentos podem ser diferentes e a todos os momentos. Nós podemos renascer todos os dias para o conhecimento.

Eduardo Correia Macarini

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