Aprendi com a minha amiga/irmã dentista Daniela Dal Colletto que a Fada do Dente existe e que devemos respeitar a crença nesse personagem, que faz parte do imaginário das crianças. Como professora de Arte e Pedagoga, sei que a fase da fantasia antecede o desenvolvimento do raciocínio lógico na organização cerebral das crianças, sendo também muito importante no processo de crescimento dos pequenos.
Quando entrei na sala de minha aluna Larissa de 6 anos fui recepcionada por ela que, toda feliz, mostrava o dentinho mole… De imediato fui orientando-a que não deveria puxá-lo, pois ele ainda estava preso e sangraria se ela mexesse. De nada adiantou… enquanto eu dava atenção às outras crianças, ouvi gritos. Ao olhar, vi Larissa com a boca aberta, com uma cara de choro horrorosa e a mesinha toda ensanguentada, em uma mistura de sangue com saliva. Corri até a sua mesa e afastei as crianças que já começavam a se aglomerar a sua volta. Peguei um pedaço de papel e pedi que ela fosse lavar a boca. Limpei a sua mesa e comecei a mostrar a proposta de aula para os outros alunos.
Quando a sala já estava trabalhando, Larissa voltou e veio até a minha mesa com o dentinho na mão. Olhou bem para os meus olhos e questionou: a Fada do Dente existe? Fiquei muda por alguns segundos… Por que ela foi perguntar isso justamente para mim? Como poderia falar que a Fada do Dente existe se sei sobre a delicada situação em que Larissa vive, provavelmente sem a mínima condição de sua mãe colocar uma moedinha no lugar de seu dentinho?
Pensei bem rápido e falei: “Faz assim, pegue o dente, mostre para a mamãe (com a esperança de que ela conhecesse a história da Fada) e coloque embaixo do seu travesseiro.” Larissa afirmou prontamente: Não tenho travesseiro! Engoli seco e perguntei como ela dormia, para então poder auxiliá-la em suas ações. Ela me contou que dormia em um colchão no chão e que embolava um pano para fazer de travesseiro. Sabendo da situação, falei que ela deveria colocar o dentinho embaixo do colchão, pois sabia que ele o perderia se o colocasse embaixo do pano embolado.
Com medo da decepção, falei para Larissa que, se a Fada do Dente não deixasse uma moeda no lugar do seu dentinho era porque, provavelmente, estaria muito ocupada. Falei que ela não deveria ficar preocupada, mas teria que trazer o dente para a escola para me entregar. Eu faria questão de mandar o dente pelo correio para a fadinha e a gente aguardaria a moeda chegar.
Pronto, com essa estratégia, tudo ficaria bem…
Larissa ficou radiante e voltou toda feliz para a sua mesa. Com esse combinado, tive a certeza de que a fantasia existiria em sua cabecinha brilhantemente criativa…
Na tarde seguinte encontro Larissa no corredor e ela veio até mim, com um sorriso gigante para me abraçar. Pensei: a Fada do Dente visitou a sua casa! Ao questionar se a Fada do dente havia passado por lá, ela abriu um sorriso imenso de janelinha e me disse: “Perdi o dente!” Fiz aquela cara de paisagem e sorri para ela que, prontamente me falou: “Não tem problema, tenho mais dentes caindo aqui”, mostrando os outros dentes molinhos, como o primeiro que havia perdido.
Conclusão… vamos começar tudo de novo!
Daniela Colletto Diz:
novembro 21, 2024 at 02:54 pm
AMO ESSA HISTÓRIA!!!!??????