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Luto Antecipatório – E quando se trata de luto, a solidão é companheira.
Luto Antecipatório
Foi em 1944 que o psiquiatra Erich Lindemann observou o fenômeno que acontecia com as esposas dos soldados que iam para guerra. Era acionado o gatilho do “sentimento de perda” e suas consequências emocionais e sociais.
Surgiu então o termo LUTO ANTECIPATÓRIO.
Conheci esse termo há algum tempo. O termo que me acompanhou nesses quase 11 anos de história com meu filho Pedro, foi “morte anunciada”.
Tanto um termo quanto outro são tabus na nossa sociedade. Quase proibidos em rodas de conversa. Parece até uma espécie de doença contagiosa: você começa a falar no assunto e as pessoas se afastam, te cortam, mudam o semblante.
Mas ter um filho com uma doença degenerativa, ou uma pessoa que amamos ser acometida por uma doença que ameace a vida não é questão de falta de sorte, ou falta de fé, ou mesmo falta de cuidados com a saúde. Isso pode acontecer com qualquer pessoa.
Quem nunca viu uma criança pequenininha com câncer? Ou com uma doença congênita?
Foi falta de sorte? Deus quis assim? Com certeza NÃO.
Existem doenças associadas ao LUTO ANTECIPATÓRIO, como o câncer, má formação congênita, prematuridade, paralisia cerebral, entre outras.
Na década de 90,o HIV era uma doença associada ao luto antecipatório, porque as pessoas que se contaminaram tinham curto período de sobrevida. Atualmente não mais.
Isso mostra que as doenças que são associadas ao luto antecipatório mudam de acordo com o prognóstico.
Esse tipo de luto traz consequências emocionais e sociais para a família toda.
A atividade social é pequena ou ausente, o nível de estresse é grande, índice de depressão, tristeza e saudades sempre presentes, sobrecarga emocional e física.
Ambiguidade em relação ao futuro e dificuldade em planejar o futuro.
Vivemos isso, sem saber que tem um nome. Sem validar a nossa dor. O nosso LUTO.
E quando se trata de luto, a solidão é companheira.
Espero que esse artigo auxilie mães como eu, que vivem o luto antecipatório, e informe aos demais.
Termino citando uma frase da Dora Incontri (jornalista, escritora, educadora) : ” A morte para os que ficam convida a um despertar da alma, para viver com mais consciência a vida de agora. “
Graziela Ducati
(foto ilustrativa retirada da internet publica )
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