Marisa Mathey
Marisa Mathey, Mãe, Mediadora de Conflitos, Advogada Colaborativa, Instrutora voluntária das Oficinas de Pais e Filhos certificada pelo CNJ, Voluntária da Ong Amigos do Bem e Pianista. marisamathey@uol.com.br
A nossa cultura enraizou a crença na culpa e na vitimização, assim somos acostumados a pensar que sempre tem um culpado para aquilo que não anda bem para nós e este sempre é o outro, o que nos faz pensar que somos eternas vítimas e o outro o algoz.
Esta premissa é falsa e a ciência tem demostrado isto.
Nem mais o Direito aceita a culpa em processos judiciais de divórcio. Por exemplo, no passado, o que traía era o culpado e o traído, era a vítima. Atualmente se um dos dois não quer mais ser casado, seja por incompatibilidade de gênio, seja por qualquer outro motivo de foro íntimo, o Estado não mais se imiscuirá nisto, simplesmente autoriza e a parte interessada terá responsabilidade pelos outros aspectos, seja patrimonial, seja parental, no caso de existirem filhos.
No passado, muitos homens e mulheres se utilizavam do amparo da Lei para colocarem grilhões e amarras no outro e em si mesmo. Mas, felizmente, como tudo na vida, nossa legislação evoluiu e se adequou aos tempos modernos. Há bem pouco tempo, o adultério era crime. O Direito precisa perseguir os acontecimentos da vida social e regulá-los da melhor forma para oferecer segurança para os cidadãos, para as famílias, para os seres humanos.
Quando falo isto, não penso em acobertar as pessoas que têm atitudes desrespeitosas para com o outro, seu companheiro, parceiro, em absoluto! Penso nas situações em que a convivência esteja insuportável e as pessoas se sentindo profundamente infelizes, mas como a cultura praticamente obrigava àqueles que decidiram casar-se, “serem felizes para sempre” juntos, não importava se o marido chegava alcoolizado e batia na mulher e filhos; se a mulher se casou porque o pai a obrigou e ela nem sabia o que estava fazendo, ou ainda; se não existisse nenhum respeito e consideração entre as pessoas casadas.
Considero ainda, o aspecto da culpa sobre um dos dois ou de sua família e a inocência total do outro.
O que proponho é que troquemos a palavra “culpa” pelo termo “responsabilidade”, para me sentir mais confortável.
É momento de cada um de nós nos conscientizarmos que somos responsáveis pelas nossas ações e omissões e pararmos de encontrar culpados, a todo momento, para aquilo que nos acontece.
É certo que muitas vezes, não temos o conhecimento ou as condições necessárias para modificarmos muitas situações, mas não é por isto que vamos culpar o outro ou a nós mesmos e nos acorrentarmos em lembranças infelizes para o resto de nossas vidas, como punição.
É chegado o tempo de pensar em reparação, restauração, no lugar da punição.
Em termos práticos (a título de exemplo, podia ser o contrário) se meu ex-marido vivia alcoolizado e podia ter sido muito melhor do que foi para os “meus” filhos, mas agora está liberto deste vício e procura ser um bom pai para os “nossos” filhos. O que devo fazer? Lembrar de tudo que ele fez de negativo e falar isto aos quatro ventos para os nossos filhos todos os dias ou procurar valorizar o momento atual em que ele está se esforçando para ser uma pessoa melhor e um bom pai?
Aí, precisamos parar para nos autoanalisarmos e verificar o que estamos fazendo com nosso livre-arbítrio, ponderando que a escolha é livre, mas as consequências serão obrigatórias porque há uma Lei natural denominada de Ação e Reação e dela, ninguém escapa, não importa sua religião, raça ou condição financeira.
Somos seres emocionais! É preciso ter esta consciência e a lucidez de que também temos a racionalidade para utilizarmos a favor da nossa felicidade e bem-estar. Falar do bem, faz bem, falar do mal, faz mal. É ou, não é? Experimente se auto observar quando está falando coisas positivas, preste atenção nos seus batimentos cardíacos, na sua respiração. Agora, quando estiver falando mal dos outros, perceba como ficam seus batimentos cardíacos, sua respiração, seus músculos……..como você se sente melhor?
Pode ser que você esteja pensando que para mim é fácil escrever isto porque não passei o que você passou. Creia, respeito você por tudo que passou e talvez, eu não tivesse a capacidade de superar o que você superou, mas quando falo assim, tento propor que você trate suas mágoas e rancores ou encontre uma forma de reprogramação mental porque a vida é muito mais do que a mágoa que nos aprisionou e nós, somos muito mais bonitos do que imaginamos ser. Somos seres únicos e podemos brilhar, basta trazermos à consciência de que não viemos do barro da terra e sim, da luz das estrelas!
Marisa Mathey
Marcia Lucia de Oliveira Diz:
novembro 21, 2024 at 05:52 am
Eu fiquei anos com muita raiva do meu ex namorado e consegui ganhar uma gastrite que levei 2 anos para curar.
Priscila Belmonte Diz:
novembro 21, 2024 at 05:55 am
Quero deixar um caminho para aqueles que não conseguiam se livrar da culpa que carregam : a meditação cristã. Eu aprendi e hoje não fico 1 dia sem ….me sinto muito mais leve e vejo como era pequeno o que me causava tanta dor.