Peter Pan define mãe: como sendo uma pessoa que cuida das crianças e conta histórias. Me lembro da sensação de responsabilidade total depois que ouvi essa definição de novo, só que vivendo o papel de mãe.
Foi assim que numa manhã o Diego acordou com uma forte crise de asma, daquelas que não cessa nem mesmo depois de muitas inalações. Quando é assim, sabe qual é a solução? Ir ao médico.
Conclusão: soro, mais inalações, raio x e muito choro.
Já prevendo tal situação, sai de casa com o kit: tablet com desenhos e jogos preferidos, celular carregado com direito a Netflix e um singelo livro da sua história favorita.
Depois de muito choro e dos procedimentos delicados, porém necessários, o tão sonhado colinho de mãe estava à disposição, cheio de carinho, beijinhos e com as várias ofertas de: desenhos, jogos, filmes. Mas nenhuma delas foi aceita, nem tão pouco capaz de parar as lágrimas. Só restou o livro, então perguntei:”Quer ouvir a história da Pequena Sereia?” Apesar dos olhos molhados, consegui o tão sonhado sinal de sim com a cabeça.
Abri o livro e comecei a leitura de maneira simples e ao pé do ouvido, sem nenhuma pretensão de técnica, apenas seguindo a intuição que me conduzia silenciosamente e me guiava exatamente em como fazer naquele momento. Lentamente as lágrimas foram secando, a calma se instaurando, até aparecer um sorriso no rosto.
Para mim foi surpreendente, nunca poderia imaginar o que uma história poderia proporcionar e significar diante de uma situação tão delicada como aquela que se desenrolou. De noite conversamos, só eu e o meu Di, e de tudo aquilo que vivemos durante o dia, o que nos marcou foi o momento da história.
O que eu desejo?
Que todas as crianças sejam cuidadas e capazes de se acalmar diante de uma história contada por seus pais.
Por Shirlei Pio
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