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Adolescer sem Crise

Adolescer sem Crise

 

Por que parece que está tão difícil ser adolescente? E tão, ou mais difícil ser pai e mãe de adolescente??

As queixas giram sempre em torno da sensação de estranhamento, inseguranças mil (pertinentes e totalmente sem cabimento), baixa autoestima, alterações bruscas de humor, medos diversos e desproporcionais, preocupações com as críticas, com os outros, com os grupos, as redes socias…. o excesso de exposição… Enfim, a lista é grande.

Mas analisando bem, está tudo dentro do processo natural da crise de identidade, que é própria da fase de transição da Adolescência. Onde vivemos a “morte” da infância, porém ainda não nasceu o Adulto… é como se estivéssemos em fase embrionária… gestando um novo ser, só que fora da proteção placentária da mãe. Por isso, as sensações de estranhamento e até morte são tão intensas. E também por isso, o isolamento. É um momento de transformação e desenvolvimento profundo, constante, dinâmico.

O nosso adolescente vive a dificuldade de sentir-se de fato autônomo e dono dos próprios desejos – desejos saudáveis e bem fundamentados; e permitir-se arriscar no mundo novo quase adulto, repleto de enfrentamentos e desafios. Com a responsabilidade e a “pressão” de não poder mais errar, decepcionar, fracassar, frustrar…. que é o que acaba acontecendo, naturalmente. E, ao invés de dispor de suas potencias e recursos para lidar com tudo isso, sem a identificação de que possuem potencias e recursos… muitos adolescentes não tentam, não planejam, não buscam, não projetam, não arriscam…. alguns o fazem sob efeito das drogas, ou virtualmente num jogo, ou numa página “fake”.

As relações se tornam superficiais, “relâmpagos”, virtuais. Porque o si mesmo está em fase de construção, dando aquela sensação de vazio… superficial, virtual. E ai, encontra outro ser na mesma situação…. Estranho, isolado, “fake”…. fica mesmo difícil relacionar.

Precisamos ajudar nossos adolescentes a voltar o olhar para dentro, redescobrir, autoconhecer. Estabelecer relações saudáveis consigo mesmo e poder de fato ser aquilo que quer ser, que parece, ou o que posta. Ajuda-los a identificar suas emoções, seus medos, e enfrenta-los. Fazer planos, poder errar, se desafiar, amadurecer. A frustração ajuda, se compreendida e bem resolvida.

Pode parecer impossível a aproximação com seu filho adolescente, mas entenda que é importante para ele acreditar nessa defesa, nesse espaço privado, acreditando na sua autonomia. Mas perceba as muitas brechas e oportunidades que ele dará, sem perceber, querendo apoio, suporte, carinho, aprovação, valorização.

Estejamos atentos e prontos para aproveitar cada oportunidade de continuar exercendo nosso tão importante, mas cada vez menos necessário, papel de pai e mãe. Com amor, respeito e segurança. Sem esquecer que continuamos e seremos sempre modelos.

Por Janaina Nakahara

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