Birras… Vai encarar?!
Olá!
Todos nós já presenciamos, e se não, fatalmente presenciaremos uma cena de birra de criança. O show pode variar de intensidade por uma série de motivos, mas faz parte do desenvolvimento infantil, logo será inevitável. Em média, são mais comuns dos dois aos quatro anos de idade, período em que a criança já não é mais um bebê já faz associações simples, já socializa, já fala e entende quaaaaaaase tudo; mas uma boa parte do complexo sistema neurológico ainda não está desenvolvido, então as reações são ainda muito instintivas, emocionais e intensas, muito pouco racionais, compreensivas e com nenhuma dose de crítica. E, embora a maioria das crianças dessa fase já saiba o que é “certo” e “errado”, na hora em que recebem o NÃO, elas simplesmente reagem emocionalmente e nem acionam qualquer informação do córtex cerebral.
Bom, e aí entramos na lista de motivos que faz a diferença no tipo, no jeito, no tom da birra:
- A criança está sendo educada numa rotina, onde “certo” e “errado” são dados como exemplo pelos pais e explicados na linguagem dela? Uma rotina onde ela é capaz de prever, planejar ações e sentir-se segura do que vai lhe acontecer? Ou seja, as regras são claras?!
- A criança recebe limites adequados, conversados, às vezes negociados, de acordo com suas necessidades e desejos? Ou seja, as frustrações estão acontecendo naturalmente?!
- A criança é respeitada em suas condições de sono, alimentação, cansaço e estresse? Ou seja, sua maturidade e seus limites são levados em conta antes de se exigir uma postura muito compreensiva?!
- A criança se sente segura e amada, independente da ação inadequada que tenha? Ou seja, o afeto tem sido a base dos relacionamentos da família, como estrutura da auto estima, lembrando sempre que amamos a criança, ainda que repreendamos algumas atitudes inadequadas?!
- A criança é punida, sofre as consequências adequadas por aquilo que pratica inadequadamente? Ou seja, a lógica da ação e reação esta sendo ensinada, sem tapas ou gritos ou castigos eternos…. mas de maneira eficaz, imediata, com conversa calma, clara, curta e na linguagem infantil?!
Enfim, as birras acontecem em torno do poder do NÃO. Seja o NÃO que a criança recebe e frustra seu desejo e suas vontades imediatas. Seja o NÃO que nós pais recebemos quando as crianças descobrem o poder dessa palavrinha e se recusam terminantemente a algo. Vamos entender que nessa fase, por princípio do desenvolvimento, nossas crianças ainda são poços de desejos, egocêntricas e claramente imediatistas (“eu quero, eu quero, eu quero, AGORA! – quem nunca ouviu?!). Vamos respeitar que elas estão reconhecendo e identificando suas necessidades e desejos e, “brigar” por isso é importantíssimo para o amadurecimento. Então, é natural que as crianças exijam intensamente ou também se recusem com muita resistência, para entender a si mesmas, suas potencialidades e limites, bem como testar os limites dos pais, entendendo as relações familiares e suas condições.
Por isso, tamanha importância da postura dos pais: segura, calma, compreensiva, flexível e firme. É importante que os filhos sintam a segurança dos pais do que pode e o que não pode e de um certo planejamento (avisar onde vai, o que vai comprar, combinar antes alguns detalhes). Se mesmo assim, começa o ensaio do show da birra, manter a calma é fundamental, porque a criança reage às emoções dos adultos e se percebe um nervosismo, vergonha, irritação…. só vai intensificar ainda mais. E se o espetáculo começa, independente de tudo isso, avaliar e compreender a situação – o local é seguro para deixar a criança sem plateia? Ela está com fome, sono, cansada ou algo que possa ser respeitado antes de qualquer coisa? Ela já estava irritada, chateada, estressada com alguma situação anterior? Ela está passando de limites já conhecidos ou está testando algo novo?. Considerando tudo isso, lembrar de flexibilizar e de que nem sempre vale a pena o embate; porque não uma negociação?! (o não agora pode ser um sim daqui a pouco; o não para isso, pode ser um sim para aquilo…) E, claro, perseverando o Não, negociando, ponderando ou punindo, manter postura firme (se você já sabe que vai ceder, acabar cedendo… diga Sim!). Não adianta nada bradar um alto e forte NÃO, se ele em seguida se transforma num fraco e sem explicação SIM…
E só para concluir, algumas dicas básicas e fundamentais, que tenho certeza, todos vocês já sabem e já praticam…rs…. Nunca repreenda o ser, mas a atitude (não vamos dizer “Lá vem você fazendo tudo errado, menino estúpido, que peste” NUNCA!!! E sim “Mas você é tão esperto, não combina com isso que você fez. Isso é errado e eu te amo por tudo que você ainda vai aprender!”). Entre os pais, não vale um ser sempre o bonzinho e o outro a bruxa má, tem que haver diálogo e um direcionamento comum, caso contrário a criança não entenderá o papel de autoridade nos dois. E, por fim, as regras são da casa, conversadas antes, não dá pra ter um general mandando tudo e nem todo mundo fazendo tudo o que bem entende.
Vamos lá! Dá para encarar!!
Boa sorte!
Por Janaina Nakahara
Joseane Diz:
novembro 21, 2024 at 11:45 pm
sempre no nosso coração lindos