DIA DAS MÃES NA ESCOLA
Uma comemoração que parecia ser algo tão simples e natural até um tempo atrás, para algumas crianças e mulheres de hoje em dia não é algo tão simples. A realidade de algumas crianças é a ausência da mãe por diversas razões. E as mulheres divididas entre o horário do trabalho e o horário da festinha. E aí o que fazer?
Pois bem, era para ser mais um dia normal na minha casa: acordar, tomar o café, ir para o trabalho, e nesse dia em especial , não ter hora para voltar, pois estaria numa reunião muito importante.
Em meio ao café, eis que surge uma figura de lindos olhos castanhos brilhantes me fitando de longe. Olhei para aquela carinha linda, e afirmei:
-Meu Di! Bom dia vem aqui me dar um beijo.
Ele já ficou todo animado. Acertei logo de primeira, o que nem sempre é tarefa tão simples, dada a semelhança deles (Dudu gêmeo do Di), mas reconheci aquele olhar inconfundível. Ele se aproximou e disse:
– Mãe, é hoje! Você vai, né?
-Onde? Meu amor. – aproveitei para enchê-lo de beijos enquanto ele respondia.
-Na escola, dia das mães.
Olhei para o meu marido e respondi:
– Com toda a certeza, estarei lá!
Ele deu um pulo acompanhado de um grito e saiu comemorando. Meu marido que sabia da minha realidade disse:
– Não prometa o que você não pode cumprir.
Diga-se de passagem, esse é um de nossos lemas familiares.
Eu respondi para ele:
– Eu estarei lá! Diga-me, quando é que eu os verei aos sete anos de idade cantando e se apresentando para mim novamente? Nunca! Então eu afirmo, estarei lá!
Cheguei no trabalho decidida, e fui logo dizendo para minha chefe:
– Hoje é um dia muito importante!
Ela perguntou:
-É?- Com um certo estranhamento.
-Sim! Meus filhos se apresentarão na escola hoje. Preciso sair pontualmente no meu horário. Nem que eu tenha que pedir demissão.
Ela sorriu. E respondeu:
– Não será necessário pedir demissão. Saia no seu horário.
Devo confessar que não foi fácil. Mas tudo acabou bem. Consegui! No horário marcado, definido pela escola, lá estava eu, recebendo a homenagem dos meus três filhos. Ao final me levaram até aquele imenso painel e entusiasmados apontavam seu trabalho em meio aquela imensidão de trabalhos como sendo únicos. O Eduardo e o Diego falavam:
– Mãe, tira uma foto, não podemos levar para casa.
Eduardo e o Diego com a mamãe Shirlei Pio
A Fernanda, já pré- adolescente, preferiu uma selfie em frente ao seu trabalho que compunha uma linda árvore de corações.
Fernanda com a mamãe Shirlei
Saí de lá feliz por não tê-los desapontados e ter conseguido estar lá dessa vez. Mas nem sempre é assim. Já houve anos que não consegui chegar. E o que fazer nesses momentos?
Desde bebês quando saio para trabalhar, explico para eles como será o meu dia, onde estarei, as possibilidades de me atrasar por conta dos imprevistos no caminho e as dificuldades diante da distância. Acredito que o aperto que eu senti no coração nesse dia, seja o mesmo que eles sentiram. Mas nada como uma boa conversa, daquelas de olhos nos olhos, cheia de verdade que explica e esclarece a cerca da realidade.
Por falar em verdade, aí vai mais uma verdade, definitivamente o dia das mães nas escolas não é feito para as mães. Eles são feitos para as crianças. Independente de se comemorar o dia “do quem cuida de mim”, daquela figura masculina, ou feminina que exerce o papel de mãe e com toda certeza merece esse reconhecimento. As escolas se esforçam para plantar e cultivar a gratidão no coração desses seres pequenos que mudam a rotina de uma casa inteira com a sua simples chegada, e são cuidados por verdadeiros anjos que de alguma forma exercem a função de ser mãe.
Por Shirlei Pio
Imagem : Tania Martins – técnica da imagem aquarela.
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