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Criança, escola e tecnologia

Criança, escola e tecnologia

Neste mês começa mais um ano letivo. Para muitos pais e mães um alívio, pois a atividade dos filhos em casa provoca uma agitação infindável. Para outros a angústia por deixá-los na escola quando ainda são muito pequenos.

A criança merece todos os cuidados onde quer que esteja: na escola com seus professores ou em casa com os seus familiares.

Uma situação que tem sido comum, principalmente durante as férias, é o uso de equipamentos eletrônicos com o propósito de distração da agitação corporal, como que a acalmar o corpo através de um tablet ou celular. Em todos os ambientes onde se encontram pais e filhos, crianças e adultos, se vê esta prática.

O que não se vê mais é a diferenciação de faixas etárias com os olhos fixos em uma tela. Já no momento em que a criança inicia seu domínio do equilíbrio e começa a se sentar com relativa segurança, mesmo que ainda num cadeirão de restaurantes, estão a observar um tablet à sua frente, sobre a mesa.

Algumas justificativas emergem: “elas aprendem”, “elas se acalmam”, “elas nos deixam mais sossegados pra conversar”, “elas se distraem”, “podemos comer tranquilos”, “elas aprendem enquanto comem”… E a vida se encaminha de uma criança-pessoa, na relação de afeto, com um objeto-animado.

Insisto que a maior fonte de aprendizagem humana reside no seu próprio corpo, principalmente nas fases iniciais das nossas vidas. No corpo está impregnada a história dos antepassados, na verdade a história de vida de toda a humanidade e, a partir dela, se conta uma nova e outra, esta individual, através das experiências vividas e adquiridas.

Acalmar o corpo através de uma imagem dinâmica à frente dos olhos não acalma o cérebro. Discuto se as crianças hiperativas, hoje em quantidade excessiva e por vezes mal diagnosticadas, não são fruto de mentes agitadas e corpos completamente descontrolados, até por falta de conhecimento das suas possibilidades de movimento e descanso.

É necessário, no momento de escolher escola para os filhos, dar mais peso às possibilidades do movimento corporal e não à preocupação com a tecnologia dos diferenciados computadores, pois, estes, são recursos que conquistamos em outras fases da vida. Já os recursos do corpo são dependentes da maturidade de cada fase do desenvolvimento. O que se perdeu fica difícil de recuperar, pois as crianças que têm distorções de tônus muscular ou de equilíbrio terão problemas para o resto de suas vidas.

Márcio Macarini

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