Bem estar

Quando falta tempo…?

Quando falta tempo…?

Meu filho, João, tem 5 anos e como toda criança dessa idade, tem um pique de dar inveja a qualquer atleta. Alegre e empolgado desde o ventre, o João possui o incrível poder de nos manter alerta quase que 24h/dia. E toda essa energia parece que chega ao seu pico por volta de 19h, horário que logicamente, chegamos em casa, cansada, com fome… no caso, só eu, mesmo.

Moro sozinha com ele há cerca de 3 anos. Quando me separei, achei que seria impossível dar conta, afinal, ele tinha apenas 2 anos! E mais um detalhe… João é ariano. Líder nato. Não aceita qualquer ordem, não. Haja criatividade pra que ele não perceba que aquilo é uma ordem… senão, haja briga! Sabe o que quer, a hora que quer e me diz isso com muita clareza. Com certeza, não daria conta. Mas tive que encarar, então, mãos à obra!  E nessa fase, vem cobrança de todo lado. “Como assim, você deixa ele dormir sozinho no quarto dele? É perigoso, e se acontece alguma coisa e você não ouve? Cuidado…”, “Nossa, mas ele fica o dia inteeeeeeeeeeiro na escola? Você tem coragem?”, “Você tem namorado? Ah, mas seu filho deixa? Ele vai ficar com ciúmes….”, “Você precisa praticar esportes! Está ficando sedentária… assim vai engordar!”, “Pôxa, nem tem mais tempo para os amigos…”….Olha, gente, ser mãe não é fácil não. Não só pela responsabilidade de ter uma vida totalmente dependente em suas mãos, mas pelas abobrinhas que ouvimos DIARIAMENTE. E uma das maiores cobranças que acontecem – mas dessa vez, essa cobrança vem mais de dentro… – É o “pouco” tempo que resta para curtir esse presentinho que Deus coloca em nosso caminho para nos ensinar um pouco do que é o Amor de verdade.

Como eu sonho com um dia de 36h, no mínimo! Na verdade, eu preciso disso. Meu filho dorme as 20h30, chegamos em casa entre 18h e 19h. É preciso jantar, tomar banho, escovar os dentes e dormir. Não dá tempo pra mais nada. Tem que ser ninja. Isso se ele fosse um robô, né?

Pois é, João NÃO é um robô. Ele tem sentimentos – e cada dia ele descobre mais um. Tem vontades. Necessidades afetivas. Como todos nós. Mas nós, adultos, acabamos escondendo cada vez melhor essas necessidades, e estamos adoecendo pouco a pouco. Não quero isso pro João. Ele ainda é (e muito) espontâneo, simples, livre. Ai que o tempo praticamente não existe mesmo!

Com toda a correria que é nossa semana, precisávamos encontrar um momento em que pudéssemos conversar. Em paz. Falar dos nossos sentimentos. Do nosso dia, de nossas experiências. Do quanto nos amamos. Um tempo para fazermos carinho. Olhar nos olhos. Sentir o cheiro. E esse momento conseguimos encontrar minutos antes de dormir. É o momento mais esperado do meu dia, e acredito que um dos mais gostosos do dia dele também.

Temos todo um ritual: escovar os dentes é o sinal de que o dia acabou. Após isso, é cama direto. Enquanto ele procura sua “girafinha”, eu seleciono um livro de histórias e acendo o abajour. Sento-me ao lado dele perto da cama, enquanto ele já me espera deitado de barriga pra baixo. Sim, porque antes de qualquer coisa, tenho que fazer “chamegos”. Coceguinhas nas costas, massagem nos pés, beijinhos por todo o corpo. Ai sim, posso começar a contar a história. No chamego ele me diz como foi o dia e o que espera do dia seguinte. Se algo ruim aconteceu, tentamos nomear os sentimentos envolvidos, para ajudar na ansiedade. Depois da história, fazemos oração. Agora ele tem rezado muito. E é bacana ouvir a oração de uma criança. Vocês já ouviram? É tão simples, mas tão profunda ao mesmo tempo! Não percam a oportunidade de ouvir uma criança conversar com Deus. É mágico!

Então, ao final da nossa oração pessoal, rezamos um Pai nosso e uma ave Maria. Antes que acabem, o João já dormiu. E então eu posso cuidar um pouco de mim.

Percebo o quanto esses momentos significam para a manutenção e fortalecimento do vinculo entre nós dois. Nos respeitamos. Nos aproximamos. A escassez do tempo parece uma eternidade quando estou com ele nesses poucos minutos realmente atenta a ele. Estou 100% presente. Acredito que isso seja fundamental.

De nada importa passarmos o dia ao lado de nossos filhos, sem estarmos realmente presentes com eles. O que importa, acredito eu, não é a quantidade do tempo que passamos juntos, mas a qualidade dele.

Seja muito ou seja pouco, mas que seja 100%!

 

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Daniela Del Colletto

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2 Comentários

  • Responder
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    Carlos Alexandre Dal Colletto Diz:

    novembro 21, 2024 at 04:43 pm

    Texto muito emocionado e bacana. Parabéns.

  • Responder
    Avatar
    Larisse Diz:

    novembro 21, 2024 at 01:50 am

    Parabéns Dani, amei ?

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